Crônica | Cobrindo o sol com uma peneira - por Anailton Fontenele

Imagem Ilustrativa/Abinoan Santiago/G1

Estava eu, em minha pedalada matinal, admirando as águas do rio Timonha, sobre a ponte do Lima, quando observei um fato curioso: o carro-caçamba da limpeza pública passava, em sua rota para o descarte urbano (de forma irregular, pela ausência de seletividade) do lixo, com os heróis da limpeza sentados, em cima da caçamba. Uma profissão de risco.

Porém, o que me chamou a atenção, foi que enquanto a caçamba (carro inapropriado para a coleta urbana de lixo) passava por cima da ponte, plásticos voavam de sua carga e saiam sujando o caminho. Outros caiam nas águas do rio Timonha, deixando rastro de poluição por onde passava.

Tal fato demonstrava um desserviço, em relação aos garis municipais, que passam horas recolhendo o lixo das ruas e, quando enchem uma “carrada”, sentem-se com aquela sensação de dever cumprido no tocante à natureza e com a população local. Um serviço de alto valor social e honrado. Os garis são tão importantes quanto o juiz, o promotor, o delegado, o prefeito, a polícia, o padre e o pastor de uma cidade. Sem eles, a sociedade entra em colapso.

Mas, aquela situação me fez lembrar do provérbio popular: “tapar o sol com uma peneira”. Embora os profissionais da limpeza pública tenham essa tarefa árdua e a desempenham com afinco; em contrapartida, a Administração Pública não percebe que, ao utilizar mecanismos inapropriados para a coleta do lixo (carros com caçambas), contribui com a propagação da sujeira e a poluição do meio ambiente. Nesse caso, a eficiência passa longe.

Dessa forma, meus pensamentos voavam, juntamente, com aqueles plásticos que caiam no rio, imaginando o futuro de uma cidade litorânea, onde as pessoas fazem as coisas por fazer, sem pensar nas consequências de suas ações para gerações vindouras. Imagino o tempo em que a consciência ecológica seja de todos: cidadão e autoridades, e só então o ecossistema chavalense poderá estar a salvo.

Autor: Anailton Fontenele

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