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A Guerra | por Gustavo Rosal


- A Guerra!

- Sim, guerra!

- Ah, lá está a guerra, como no Call of Dutty, que excentricidade.

- Olha a guerra, mamãe.

Arrasto o feed de notícias, fecho os olhos para os topics, enfim, mudo o canal: a guerra que passa, portanto, na TV. É esta guerra a que me refiro. Não a real, terrível e congelante sobre o leste, como a mão empelicada do assassino.

A guerra, penso, que criatura pouco mesquinha, pouco avara, cheia de caridade para com os curiosos.Tão diferente dos livros de história, que a traçavam feita de manchas e conjecturas, um frankenstein de pesquisadores. Esta, não. Todos põem os olhos. A casa mais vigiada do Brasil, a guerra mais vigiada da história, dando pano para manga para tantas pessoas - aqui estão, ao meu lado, eu mesmo, e aí estão - pessoas com muitas opiniões sobre os motivos, sobre o povo ucraniano, representatividade; ele ali, mais cedo, disse: Sabe o presidente russo, o Putinha, ops, Putin?, e era o que tinha a dizer, apenas isso com um ruído improvisado para dar contexto, não havia informação - e vira galhofa, a guerra.

- A guerra é apenas uma guerra. Não há necessidade de qualquer preocupação, estamos no Brasil, aqui não tem terremoto nem tsunami – diz um outro, apesar da gasolina a R$ 8,25 no posto Shell, e isso possivelmente ser uma influência de lá.

- Mas a guerra é lá e não aqui! Aqui nada nos importa do que é de lá! Por Deus!

No tempo de escola, se não estudasse, tirava 7 em Geografia quem respondesse citando a globalização, este mantra de todos os efeitos.

- Mas na Rússia neva, Gustavo, e estamos no Piauí. Fiquem os russos com sua globalização, seu gás natural, sua soberania, sua bomba capaz de destruir a Inglaterra e a França ao mesmo tempo, com o Eurotúnel e tudo. Não quero nada disso.

Assim conclui Rosana, com sua camisa de malha tailandesa, no seu carro alemão, calçando tênis dos Estados Unidos, a professora secundarista de geografia.

Tudo tem a ver com a gente e nada podemos fazer, portanto, ligamos novamente a BBC news: lá estão os embaixadores, emissários, chefes de relações externas de A, B, C, lambendo concomitantemente suas respectivas grifes. Em uníssono, os repúdios à Rússia, esta mãe ruim. Bebe-se uísque.


Gustavo Rosal. 

19/03/22. 




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