Foto: Fabiane de Paula |
Deve-se começar pela aguerrida Dina Maria Martins Lima, de Canindé. Aos 66 anos, Mestra Dina conserva intacto o amor à causa da gente sertaneja. Vaqueira e aboiadora, batalhou para se firmar nesse ofício dominado por homens. A “Rainha dos Vaqueiros” começou aos 14 anos e tornou-se uma das maiores incentivadoras dos costumes e tradições desse símbolo do Nordeste.
Dina nutria o desejo de seguir os passos do pai José Martins da Silva. Nem completou sete anos, rememora, a rotina já era a de madrugar, tirar leite das vacas, botar os bezerros no curral. “Ele queria que a filha estudasse. Porém, o que eu mais gostava era de viver com a natureza”, conta.
Seu José Martins até recorreu a um colégio interno, mas nada interromperia a escalada audaciosa da filha. Sábio, ele compreendeu a hora da cria decidir o destino. Apesar do preconceito e das desconfianças, tinha apoio irrestrito do pai.
Dina reflete o quão é sacrificada a rotina deste trabalhador. É gente simples, de fé e dedicação. “Não fosse o vaqueiro, fazendeiro não tinha leite, não tinha queijo, não tinha coalhada. Explico muito isso para os mais jovens. As pessoas querem ser. Mas quero saber se será alguém que luta com o gado com carinho e amor. Esse é que é o vaqueiro”, explicita a Mestra.
Em 1970, a convite de frei Lucas Dolle, então pároco de Canindé, Dina organizou a primeira Missa do Vaqueiro. “Um marco na minha existência”, diz orgulhosa. O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, um dos artistas agraciados com o Troféu Sereia de Ouro, fez questão de conhecer e cantar na festa da Missa de 1976. Ocasião única, seu Lua chegou a desafiar Dina nos versos. Nem ele dobrou a cearense.
Ser batizada de “Rainha dos Vaqueiros” acirrou a discriminação. “Eles não me aceitavam, simplesmente por ser mulher. Não admitiam eu correr em cima de um cavalo e ganhar uma corrida. Eu só fazia sorrir”, esmiúça a história.
Confiante, a jovem compreendia que o título carinhoso era uma chance de ajudar os amigos de lida. Ainda nos anos 1980, fundou a Associação dos Vaqueiros, Aboiadores e Pequenos Criadores dos Sertões de Canindé. Uniu mais de 260 vaqueiros membros e presidiu a entidade ao longo de seis mandatos. Levantou a sede da Associação e, entre outros feitos, articulou a instalação do Memorial do Vaqueiro no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
Em 2005 foi reconhecida como Mestra da Cultura do Estado do Ceará. Foi considerada em 2007 a segunda mulher mais influente na cultura popular do Brasil, segundo o Ministério da Cultura.
Da jornada exaustiva, Dina pondera o significado de uma homenagem como o Sereia de Ouro. “Me sinto muito feliz”, declara. Um sonho ainda a move, nem que seja a última ação em vida: construir a Casa do Vaqueiro. “Cada vaqueiro vai ter a sua história lá, porque eu tenho decorado. Tenho a visão de cada um. Dos que começaram nas vaquejadas, que levantaram a associação”, demarca Mestra Dina.
Mestre Dina está entre os 50 nomes destacados na campanha deste ano do Sereia de Ouro, um número expressivo se encontra nas fileiras culturais. No Sistema Verdes Mares, você conhece o ofício, a perseverança e a generosidade de três deles. O Troféu Sereia de Ouro completa este ano a marca de 50 edições. Desde 1971, o Sistema Verdes Mares homenageia, anualmente, personalidades que se destacam por terem se sobressaído dentre tantas histórias de sucesso no nosso Ceará. Abaixo todos os destaques:
Fonte: Diário do Nordeste.
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