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Chavalzada entrevista Flávia Valois, escritora e advogada.

Caros amigos leitores, voltamos com nossa série de entrevistas. E hoje iremos dialogar com Ana Flávia Baetas Valois, 32 anos. É Advogada. Pós Graduada em Direito e Processo Civil pela Escola Superior de Advocacia da OAB – PI. Possui experiência nas áreas Cível, principalmente em questões contratuais e de responsabilidade civil e, também, nos assuntos correlacionados ao Direito do Consumidor na seara da Saúde. Autora participante da antologia "Poesia Livre – ano 2019” da Editora Vivara, com o poema “A Mulher de Trinta Anos.” Poema este que ganhou destaque na 4ª Edição do Correio Literário publicado pelo Sesc PI.

Chavalzada – Primeiramente, me fale um pouco sobre você. Quem é Flávia Valois?

Flávia Valois -  É uma paraense simples, batalhadora e, que tem um carinho muito especial por Parnaíba. 

CH - Me fale sobre sua formação?

Flávia - Sou formada em Direito desde meados de 2010. Atuo de forma autônoma como Advogada especializada em Direito e Processo Civil tendo experiência, também, no setor administrativo na parte que correspondente ao setor de RH. 

Possuo forte interesse de pesquisa em questões atreladas ao Direito Médico. 

CH – Como nasceu seu interesse pela literatura? E como você começou a escrever?

Flávia - Vou ser bem honesta, o interesse veio depois que me desprendi da obrigação de ler as coisas do colégio ou que me indicavam neste ciclo. Veio quando me senti mais livre durante a faculdade para aproveitar o tempo que me restasse e assim, o usasse para “curtir” algo não jurídico nas inúmeras esperas das viagens diárias de idas e vindas para a casa, pois o meu campus de estudo era bem distante.

CH - Você sente mais emoção ao escrever qual gênero (poesia, conto, romance etc.)?

Flávia - Emoção eu sinto escrevendo uma boa crônica! Embora também já tenha me arriscado a escrever alguns contos. 

E a poesia, ah ela é a minha calmaria! Vem sem eu querer nada, de forma inesperada, diante de qualquer situação. Esteja com o celular ou com o lápis e o caderninho em mãos. Depois que a escrevo, é incrível! Me sinto bastante serena. 

Já o Romance, admiro quem consegue escrever. Acho uma proeza ter imaginação para narrativas mais longas que te amarram e conectam do início ao fim, ainda não consegui. (risos).

CH - Como você organiza seu processo criativo: decide o que vai ser escrito e por onde começar e quais serão as fases?

Flávia - Depende muito. Se tiver em mãos algum trabalho mais específico, de observar alguma situação ou fato para escrever uma crônica, aí sim, eu me planejo! 

Leio bastante, procuro fontes seguras para montar algo que prenda a atenção do meu leitor e desperte-lhe o seu senso crítico e, nessas horas, procuro -dependendo do tema - ser imparcial para deixar a decisão de quem me ler aguçada, acesa no ato de pensar! 

Os contos que escrevi, vieram todos sem pretensão alguma e, quando me sentei para escrever-los foram rápidos, só parei quando os finalizei. Digamos que seja um processo menos disciplinado e mais intuitivo. 

Atualmente estou na fase de recolher tudo o que já escrevi de conto e crônica para produzir meu primeiro livro solo que já tem material pronto, (só faltando fazer revisão e edição) e contará com 5 contos inéditos e 30 crônicas. 

CH – Sobre seus trabalhos literários... Fale um pouco sobre o Projeto “Caneta de Águia”

Flávia - O Projeto Caneta de Águia surgiu como nome em 2008, sonhei com isso! Só não sabia o que exatamente seria. Como tenho muita fé em Deus e Jesus Cristo, acredito que ele tenha me preparado esse tempo todo para amadurecer e, finalmente poder colocar o que penso dos livros que leio, na rede. 

Tem sido um trabalho desafiador e instigante! Encontrei nesse meio pessoas de todas as idades e de gêneros literários dos mais variados. 

Já tenho parceria com uma escritora nacional de romance de época; já fiz duas leituras beta de livros que ainda estão para serem publicados (é ótimo ter esse contato e ler o original do parceiro – autor) e, estou ao lado da Editora Vargas que desde cedo (desde que tinha pouquíssimos seguidores) apostou na qualidade da minha escrita e, firmamos uma parceria de leitura dos seus livros pelos próximos 12 meses. 

É um espaço muito característico onde aprendo bastante com os grandes influencers que sigo e, também, com os meus colegas que mantém contato, os chamados bookstagrammers. 

Esse nicho é dificílimo e não possue ninguém do Brasil, até o dado momento, com milhões de seguidores.Traduzindo a falta de um fomento maior e mais comprometido com a nossa cultura que, ao meu ver, não está nas mãos só do Estado, está principalmente nas nossas. 

Tenho encarado isso como uma responsabilidade positiva e construtivista de colaboração para um futuro melhor. Dia 25/06 faremos 1 ano de existência lá no Instagram e já possuímos mais de 1k de seguidores. (@flavalois “Caneta de Águia!”) 

CH – Você tem também participações em Coletâneas... Nos fale um pouco sobre essas participações.

Flávia - Participei com o meu Poema “A Mulher de Trinta Anos” da antologia denominada Poesia Livre 2019 da Editora Vivara. Já fui aprovada em poemas e contos, também, nos concursos literários da Editora Trevo, ainda sem publicação. Agora no conto, recente soube da aprovação de “Amor Líquido e Sombras Elétricas” da coletânea Conte-me um Conto realizada pelo CNNE-Concurso Nacional Novos Escritores. 

CH - O que uma crítica literária significa para o seu trabalho (como escritora e resenhista, por exemplo)?

Flávia - Quando bem construída, uma crítica me faz entender um pouco mais não só da minha própria escrita, mas também de desenhar, um pouco, da percepção de vida de quem dedicou um tempo para ler aquilo que produzi.

Sabe, me faz sentir um pouco mais do mundo do meu leitor! 

Se me der um motivo bom para que eu mesma mude algo e, dessa forma me reconstrua mais madura e entendedora do que se passa na cabeça do outro, volto pra casa feliz. Caso contrário, agradeço e, com humildade sigo em frente, confiante de que as minhas letras podem sim, trazer alguma espécie de acalanto ou interesse em descoberta ao tocar nos mais variados tipos de alma. Amo gente e suas complexidades! 

CH – Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro com os dados de 2016 revelam que o brasileiro lê em média 2,43 livros por ano. O que você pensa sobre isso?

Flávia - Isso tem que mudar! Arranjam-se tanto tempo para fazer o mau uso das redes sociais, propagando fofocas / notícias falsas que as horas voam! Menos de 3 livros por ano é uma média muito baixa. Aí vejo do tamanho do perigo de se domar uma população incapaz de duvidar, questionar, debater sem os velhos discursos de ódio e/ou veneração e, sem um estudo prévio para obter-se qualquer boa análise critica. E isso, a boa mudança, começa pelos jovens! 

Hoje, se você emitir uma simples opinião discordante, pode ganhar fácil haters! Falta até a inteligência emocional para saberem lidar com os contrários. 

Falhar na educação é continuar no atraso. O Brasil precisa nessa esfera em específico, dar uma boa corrida! Só assim teremos, quem sabe... a moral de alguma chance. 

CH – Como conciliar as letras e as leis (literatura e a advocacia)?

Flávia - Tem sido um pouco corrido, mas tem dado certo. A literatura, acredite, é o meu escape nos dias mais cansativos e tortuosos! 

CH – Como você avalia o mercado editorial brasileiro atualmente?

Flávia - Antes da pandemia, já era um mercado que andava cultivando e comercializando bastante os livros de “entretenimento e autoajuda.” Não tenho nada contra, porém, os que tem alguma mensagem um pouco mais crítica, precisavam ser conhecidos pelos jovens, ou melhor, se darem a conhecer sem aquela velha cara de poucos amigos ou difícil demais para a digestão (risos).

Livros continuam sendo caros e visto por muitos como artigo de luxo! 

Os mais clássicos e os de literatura regional, ou continuam caros demais ou sem a devida boa vitrine de comercialização. É nessas horas que o trabalho dos influencers literários ajuda bastante! Tudo está se renovando e, essa é a parte boa! 

Nós, e me refiro assim porque hoje me considero uma influencer também, somos os responsáveis por propagar as resenhas do que lemos na internet. Temos a nossa parcela de ajuda para com as editoras. E, quando você trabalha nesse meio de forma séria, dar valor a literatura nacional é primordial. 

Editora + Influencers é um casamento que prevejo está razoavelmente estável, em tempos de crise temporária por conta do Covid-19 mas, o ser humano tem a total capacidade constante de se reinventar ainda mais.

No entanto, o caso das editoras para com as livrarias é grave. Isso a Saraiva, por exemplo, terá que saber como fazer para não falir. Digo sentindo e torcendo muito para que não aconteça! Pois a considero uma das se não a melhor rede de livrarias do Brasil.

As grandes livrarias e editoras estão em um momento atual muito difícil, mas creio que em 2021 tudo volte ao eixo trabalhoso anterior a esta crise global, que deverá obrigatoriamente se renovar fazendo todos passarem a usar o meio virtual. Tanto na venda de livros físicos por lojas online, como pela divulgação ainda maior dos chamados e-books. 

CH – Como você analisa a literatura parnaibana (historicidade e atualidade)

Flávia - Como estou morando em Parnaíba há cinco anos, tenho me surpreendido de forma bastante positiva. Acho que o Piauí precisa de uma voz que desague para além do Rio e do seu Delta. 

As belas artes aqui encontradas na natureza, poderão ser levadas para o além mar de outros viventes distantes. 

Confio na produção de jovens como Marcello Silva e Karoline de Carvalho e, tenho vontade de ler todos do Assis Brasil e um, em específico está na minha lista de desejados. É o romance em que ele fala de como ler os livros de Faulkner! 

Quanta nobreza e elegância em não falar só de si ou daquilo que criou. Isso me cativa! 

As crônicas de Cineas Santos em "Cambalhotas Para Ninguém" foi o meu livro escolhido no projeto “Te aquieta e lê” da Secult-PI. E, por fim, ao me aventurar escrever poemas, quero ter ao menos 10% da braveza e delicadeza de Torquato Neto que tinha em si, a linda missão de trazer poesia para tudo aquilo que fazia, ou seja, quero tocar em tudo e poder transformar em literatura! 

CH - Considerações finais... 

Flávia - Amo mandar o que escrevo para o “Escrever sem Fronteiras do Sesc Piauí!”

É um projeto maravilhoso com uma plataforma super organizada que nos faz desenterrar nossos textos da gaveta ao verem eles sendo passados pelas mãos de curadores letrados e, se aprovados, serem com cuidado bem publicados. A experiência com eles é de um fundamento que logo logo, farei uma participação online comentando mais sobre, aguardem! 

Link da Instagram: Caneta de Águia


Antologia "Poesia Livre – ano 2019











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