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O que a fala preconceituosa do Ministro Paulo Guedes esconde | por Almir Magalhães Filho

Paulo Guedes - Ministro da Economia
Após comparar servidores públicos aos parasitas, Paulo Guedes, agora, destila preconceito contra trabalhadores assalariados, que recebem, em média, um salário mínimo. Diante disso, ao defender o aumento do dólar, alegando que "empregada doméstica estava indo para a Disney" em "uma festa doida", o Ministro ignorou, claramente, a dependência da nossa economia, cada vez mais "dolarizada", às intempéries cambiais da moeda americana.

Nesse sentido, além do evidente preconceito, sua fala esconde inúmeros impactos negativos ao cotidiano das pessoas de classes econômicas menos favorecidas, que vão do preço do pão, alimento básico, ao custo de medicamentos e serviços de saúde especializados disponibilizados pelo SUS. O aumento do preço dos combustíveis, nesse cenário, é só a ponta do "iceberg".

Quanto ao SUS, por exemplo, se um medicamento importado custava R$100,00, em 1 de janeiro de 2019, na data de hoje, pouco mais de um ano depois, ele custaria, aproximadamente, R$ 112,00, ou seja, um aumento de 12% em um curto período, que seria quase equivalente ao triplo da inflação de 2019, calculada em 4,25%. Enquanto isso, o orçamento da União, na saúde, para o ano de 2020, subiu 0,84%, firmando-se bem abaixo da depreciação da moeda em face do dólar. 

Portanto, aceitar com naturalidade esse ponto de vista do Ministro da Economia deveria ser algo abominável, já que as consequências de suas recentes afirmações podem impactar, negativamente, no dia a dia de milhões de pessoas. Desse modo, quando, em outro momento, ele atribuiu aos servidores públicos a pecha de "parasitas", o objetivo foi, tão somente, colocar a população contra esses profissionais, certamente para justificar alguma privatização de algum serviço básico de acesso universal. A mesma coisa acontece com a alta do dólar, que, como fora exemplificado, prejudica, dramaticamente, a gestão do orçamento da saúde, bem como a prestação desse serviço a quem mais precisa. Assim, é importante entender que esse aumento não é algo saudável para nós, como ele quis transparecer. Precisamos de bons serviços públicos, e manter o dólar estável e baixo é indispensável para isso.

Escrito por Almir Magalhães Filho, Advogado licenciado dos quadros da OAB/CE, Bacharel em Direito e Pós-graduando em Direito Administrativo pela Universidade de Fortaleza. Atualmente, mora na capital alencarina, mas é chavalense de alma e de sangue.









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