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CH entrevista o escritor friburguense George Pacheco.

O Portal Chavalzada teve a honra de entrevistar o escritor George dos Santos Pacheco, autor de sete trabalhos literários. O autor é filho da chavalense Maria Erbene dos Santos Pacheco, e do friburguense José Jorge Pacheco, é membro da Academia Friburguense de Letras. Biografia completa abaixo da entrevista. O autor já foi citado em outras duas ocasiões aqui no Portal CH. Confira:




Confira a entrevista: 

Chavalzada - Primeiramente, me fale um pouco sobre você. Quem é George dos Santos Pacheco

O George é escritor, pai, casado, e tem 36 anos. É filho de mãe nordestina e pai friburguense, tem um irmão. Nunca foi bom de bola (o que foi por muito um trauma no país do futebol) e talvez por isso tenha se enveredado pelo caminho das letras. Acredita que a Literatura está presente na humanidade desde os primórdios (já viram os desenhos rupestres?) e também em seu poder transformador, na sua potencialidade em despertar o pensamento crítico nas pessoas. Pacheco gosta de reviravoltas positivas nos textos e na vida, e vive os textos e escreve a vida exatamente assim. 

CH - Me fale sobre sua formação? 

Sou formado em Pedagogia e atualmente curso o terceiro período de Letras. 

CH – Quando e como você começou a escrever? 

Comecei a escrever por volta dos dezesseis anos. Na escola, eu virava o caderno ao contrário e escrevia no verso, algo semelhante a um romance, que era sobre os sete pecados capitais. Daí comecei a pensar que a Literatura era algo muito erudito, longe de mim, bem longe de mim, um garoto simples, estudante do Ensino Médio numa escola pública. Daí abandonei. Voltei a escrever aos vinte e cinco, minha esposa estava grávida de nosso primeiro filho, eu assistia a uma entrevista na TV, a autora publicava um livro e provocava “Você já pensou em escrever um livro?”, e afirmava que qualquer um poderia escrever, bastava ter algo para contar. Parecia que ela estava falando diretamente comigo! Comecei a escrever e não parei mais. 

CH - Você sente mais emoção ao escrever qual gênero (poesia, conto, romance etc.)? 

Gosto de escrever romances. Nunca fui muito bom com poesia, também escrevo contos e crônicas, que são mais rápidos, mas o romance… pensar em toda aquela estrutura, as características dos personagens, o enredo, a condução da história… isso tudo para mim é muito bacana. Frequentemente interrompo uma história porque outra surgiu num insight e não posso perder a ideia de vista. Concluo o romance e volto ao anterior para dar continuidade. 

CH - Quais são suas principais influências na literatura? 

Gosto muito de literatura policial, de terror e fantástica. Leio clássicos como Machado de Assis, e Stanislaw Ponte Preta, mas leio muitos contemporâneos, como Nelson de Oliveira, Flavio Braga, Alcio Luiz Gomes, Rubem Fonseca e Robério José Canto, com o qual tenho o privilégio de conviver na Academia Friburguense de Letras. Gosto de literatura estrangeira também, Como Agatha Christie, Ian Fleming e Conan Doyle. 

CH – Se dedica exclusivamente à literatura ou tem outra profissão? 

Gostaria muito de viver somente de Literatura, mas ainda não dá! Além de escritor, sou militar da Marinha. 

CH - Você escreve para vender ou para satisfazer seus desejos de autor? 

Então, literatura é uma atividade artística, mas também profissional. Eu escrevo para contar histórias, se vai vender ou não, daí já é outro negócio. Temos as editoras, as livrarias, todo um mercado que se movimenta pelo livro, e eu também faço parte dessa “cadeia alimentar”. Mas não trabalho pensado em vendas, especificamente. Penso apenas em contar histórias. Contudo, não gosto dos rótulos “amador” e “profissional”. Escrever não é um hobby, mas uma segunda ocupação, embora eu não viva profissionalmente dela. Frequentemente a Arte é relegada a um segundo plano, como se fosse um favor. Vemos músicos, malabaristas trabalhando nos sinais e nas calçadas como se estivessem esmolando e isso é extremamente nocivo à atividade, preconceituoso e injusto. Não deveria ser assim. Fazer arte não é amadorismo, não é favor, não é esmolar. É trabalho. 

CH - Como você organiza seu processo criativo: decide o que vai ser escrito e por onde começar e quais serão as fases? 

Geralmente as histórias surgem por inteiro em minha mente. Já sei como ela vai começar e como vai terminar, daí vou colocando no papel e o meio delas vai mudando, talvez até influenciando o final. Digito as histórias, imprimo, reviso, escrevo novamente. Geralmente, cada capítulo funciona como um conto, e sobrevive independente dos demais, embora guarde relação com a história. Tem um filme chamado “Encontrando Forrester” com Sean Connery em que ele, um escritor solitário, diz para seu pupilo “Primeiro se escreve com o coração, depois se reescreve com a cabeça”. É mais ou menos assim que faço. Gosto de começar as histórias pelo meio, é uma técnica chamada “in media res” (latim para "no meio das coisas"). 

CH – Você é autor de sete trabalhos literários “O fantasma do Mare Dei”, “Uma Aventura Perigosa”, "Sete – Contos Capitais", “As Aventuras De Frog, O Ratinho”, “Tarde Demais Para Suzanne”, “O Pacto” e “Domingo eu vou pra praia”. Fale um pouco sobre esses trabalhos. 

Eu era um assíduo leitor de Agatha Christie, cujos trabalhos são, basicamente, romances policiais curtos. Daí me inspirei para criar meu primeiro trabalho, O fantasma do Mare Dei. Trata-se de uma história policial que se passa em um transatlântico, o navio Mare Dei (Mar divino em latim). Quando publiquei este livro com a editora, conheci outros escritores que participaram comigo da coletânea de contos policiais Assassinos SA Vol. II, que escreviam em blogs. Passei a fazer o mesmo e a publicação exclusiva em sites especializados durou até meados de 2014, quando decidi sair do ostracismo e participar mais de atividades culturais na cidade e fazer novas publicações. Nessa época foi adaptado para curta metragem meu conto A Dama da Noite, uma versão de uma lenda urbana. No ano seguinte publiquei Uma Aventura Perigosa, um romance erótico com um ritmo policialesco e bem brasileiro. O material surgiu numa outra fase, quando eu me decidi experimentar várias facetas da literatura, vários gêneros, sem me prender a um necessariamente. Acredito que meu trabalho fica cada vez mais verossímil se eu souber falar de qualquer assunto e em qualquer gênero, no mesmo romance ou conto. Nessa época eu também havia decidido escrever histórias que se passassem em minha cidade, numa espécie de Modernismo contemporâneo, em que a intenção é valorizar meu lugar e a história desse lugar. Na sequência, compilei textos publicados na internet e surgiu Sete – Contos Capitais, contos sobre os pecados capitais e em seguida As Aventuras De Frog, O Ratinho, um livro infantil que produzi para meus filhos, que trata das diferenças e da amizade. Fiz outra compilação de textos em Tarde demais para Suzanne, em 2016. O livro leva o nome de um dos contos, e trata do suicídio, em uma narrativa em primeira pessoa. Em 2017 publiquei o romance O Pacto, que narra a história de Théo Lücke, homem que se depara morto diante do diabo, com quem aceita fazer um pacto para ter sua vida de volta. Enquanto procura por quem vai pagar o pato em seu lugar, tem a oportunidade de descobrir a verdade sobre si mesmo e – quem sabe? – conseguir salvar sua pele, literalmente. É um livro do qual me orgulho muito, pois é o primeiro trabalho em que consigo situar toda a história em Nova Friburgo, minha cidade natal, e também consigo misturar vários gêneros: policial, erótico, terror, infantil… e dou voz a dois personagens narradores, algo inédito na minha carreira. Além do tema, que fala das segundas chances, e da nossa tendência humana em procurar outros culpados por nossas falhas. Recentemente publiquei outra antologia de contos e crônicas, Domingo eu vou pra praia, que inclui dois textos premiados em concursos literários e aquele que foi adaptado para curta metragem. 

CH - Quais suas metas? Algum projeto literário em andamento? 

Eu queria publicar um romance por ano. Estou trabalhando em um que deve ficar pronto para o início do ano que vem. Também é uma mistura de gêneros, também se passa em Nova Friburgo e dá voz a vários personagens narradores. É também uma experimentação em autoficção, em que pretendo brincar com o leitor sobre o que é verdade e o que é ficção e estou muito satisfeito com o resultado. 2018 promete! 

CH- O que uma crítica literária significa para o seu trabalho? 

Nem sempre eu concordo com a crítica literária, mas gosto de como meu trabalho é avaliado para poder melhorá-lo cada vez mais. Para isso, me baseio na crítica profissional e na crítica de leitores, para meu aperfeiçoamento e melhoria continua de meus textos. 

CH - Sua literatura aborda temas nacionais, culturais, raciais, e grita pela desigualdade, ou apenas segue passivo sem se intrometer nestes assuntos? 

Meus textos falam muito sobre o comportamento humano, abordando uma diversidade de temas, desigualdades sociais, corrupção, traições, amizade e preconceitos de todos os tipos. A literatura deve servir para isso, estimular o senso crítico, servir de espelho para nos enxergarmos e buscar mudanças em si mesmo e na sociedade. 

CH - Brasileiros leem em média 4 livros por ano. O que um escritor pensa sobre isso? 

Eu penso que devemos ler cada vez mais. Não milito pelo afastamento total das mídias, TV e internet, mas são entretenimentos muito passivos, recebemos tudo muito pronto. A leitura estimula o pensamento e a imaginação, melhora o vocabulário e é uma obra fechada, sem interferência do público, ao contrário da novela, por exemplo. Então a média de quatro livros, num contexto geral, está satisfatória, mas pode melhorar muito mais. 

CH – Como você avalia o mercado editorial brasileiro atualmente? 

O mercado brasileiro está altamente influenciado pelo mercado estrangeiro. Muitos livros desembarcam em terras tupiniquins já com o rótulo de best sellers e ocupam de cara a vitrine das livrarias, eclipsando a produção nacional. Aliás, essa produção é protagonizada pelos autores de renome, ou por artistas já consagrados em outras áreas que decidem escrever. Dessa forma, os autores novatos (ou calouros) precisam se dedicar e investir em editoras por demanda, ou autopublicação, se desdobrando em divulgação por conta própria, inclusive. Isso tudo acontece porque o mercado editorial é um mercado, é comércio, em que o livro é produto e as empresas investem naquilo que consideram que vai dar lucro, independente da qualidade do produto. E aí acontece uma reação em cadeia, porque uma série de outras atividades também se alimenta dos livros “sensação”, como a mídia tradicional que investe pesado nesse material, porque é justamente esse tipo de notícia que vai vender jornal, e não o autor “calouro”. Nessa selva surgem livros de video loggers voltados para jovens, livros de receitas culinárias e etc. Eu acho que tem espaço para todo mundo, mas a concorrência é injusta e desleal, é uma espécie de “salve-se quem puder” desnecessário e estúpido. 

CH – Como você analisa a literatura de Nova Friburgo (historicidade e atualidade) 

A história da literatura na cidade é bem antiga. A Academia Friburguense de Letras (AFL) foi fundada em 1947, por um grupo de intelectuais e figuras atuantes do setor cultural da época em Nova Friburgo. A cidade é considerada o berço dos Jogos Florais, concurso de trovas, um poema autônomo de quatro versos em redondilha maior, devido o primeiro concurso do gênero ter sido instituído na cidade em 1960. Hoje temos nossa Festa Literária, que acontece anualmente, e muitos autores e instituições que promovem atividades literárias, entre saraus e encontros. 

CH - Considerações finais...  

Agradeço ao Chavalzada pela oportunidade, e espero que meu trabalho cumpra com o propósito de divertir e estimular o pensamento crítico, a imaginação. Que possamos ser melhores a cada dia. Grande abraço do Pachecão! 

Biografia: 

George dos Santos Pacheco (Nova Friburgo, 7 de outubro de 1981) é um escritor friburguense. Membro da Academia Friburguense de Letras, é um dos autores da Coletânea “Assassinos S/A Vol. II”, e do romance “O fantasma do Mare Dei”, ambos publicados pela Editora Multifoco em 2010. Publicou também o conto "Nem só de pão vive o homem" na edição do 3º trimestre de 2011 da Revista Marítima Brasileira e recebeu Menção Especial no VI Concurso de Trovas do Grêmio Português de Nova Friburgo, no tema lírico-filosófico. Desde 2009 mantém o blog Revista Pacheco, onde publica seus próprios textos e de colaboradores, além de contribuir com diversos sites e revistas digitais tais como A Irmandade, Tertúlia, Démodé, e Puta Letra, entre outros. Em 2013, participou como mediador do Encontro Literário “Narrativas fantásticas - A Literatura da Invenção”, do Festival de Inverno Sesc Rio 2013. Ainda neste ano, foi premiado em 1º lugar, na categoria crônica, e em 2º lugar, na categoria conto, no 1º Concurso Literário da Câmara Municipal de Nova Friburgo, Troféu Affonso Romano de Sant'anna. 

A partir de janeiro de 2014, passou a compor o quadro de colunistas da Revista Êxito Rio, além de colaborar eventualmente com o Jornal A Voz da Serra. Ainda em 2014, teve seu conto "A Dama da Noite" adaptado para um curta metragem homônimo, através do coletivo audiovisual "Sétima Literal". O filme foi exibido na II Festa Literária da Serra (FLITS) em Bom Jardim-RJ e em uma sessão exclusiva em uma sala de cinema de Nova Friburgo, além de compor a programação do canal CineBrasil Tv. As filmagens aconteceram em Nova Friburgo, com uma equipe formada na própria cidade.Também publicou o conto "Os Americanos que Vieram do Céu", na 5ª edição da revista digital de ficção científica Trasgo. Em 2015, teve crônicas publicadas em uma coluna no Jornal Fala Olaria, de Nova Friburgo e, atualmente, é colunista do portal de notícias Nova Friburgo em Foco. 

Sua escrita se caracteriza por um estilo leve, simples e direto. Criador de personagens marcantes como a suicida Suzanne, em “Tarde demais para Suzanne”, o antropófago Barão Malheiros, em “O Jantar de Barão Malheiros”, e o violador de túmulos Edésio, de “O Caso do Violador da Noite”, George, nas palavras de Haron Gamal (professor e doutor em Literatura Brasileira pela UFRJ), “se mostra um mestre no difícil mecanismo de escrever diálogos, conseguindo criar períodos bem estruturados e construções frasais que aguçam a expectativa dos leitores”. 

Publicou o conto "Tarde demais para Suzanne" na antologia Buriti 100 em abril de 2015, que a Editora Buriti preparou para comemorar o lançamento do seu 100º livro. O livro conta com a participação de diversos autores que publicaram com a editora. 

Em 22 de agosto de 2015 lançou seu segundo livro, “Uma Aventura Perigosa”, pela Editora Buriti. No romance, o autor conta a história de Max de Castro, um funcionário público insatisfeito com o trabalho e com problemas no casamento. Após uma crise de estresse em pleno expediente, e incentivado por um psicanalista em um programa de entrevistas, ele escreve uma carta confessando seus maiores segredos, que deve ser escondida e destruída em 24 horas, mas a mesma desaparece, antes que ele pudesse fazê-lo. Em “Uma Aventura Perigosa”, George dos Santos Pacheco descreve de forma audaciosa e sem pudores as aventuras sexuais do “orgulhoso, impulsivo, e machista” Max de Castro; com toques de humor e sarcasmo, narra a impossibilidade de sair ileso a qualquer relacionamento, garantindo grandes surpresas aos leitores. 

Ainda neste ano, foi premiado em 3° lugar, na categoria prosa, no I Concurso de Prosa e Poesia de Bom Jardim - RJ, com o conto "O Dono do Bar", durante a III Festa Literária da Serra (FLITS) e publicou a segunda edição do romance "Uma Aventura Perigosa", e o livro de contos "Sete - Contos Capitais". Publicou em 2016 o livro infantil "As aventuras de Frog, o ratinho" e o livro de contos "Tarde demais para Suzanne". 

Em 2017 publicou o romance O Pacto. A trama narra a história de Théo Lücke, homem que se depara morto diante do próprio Diabo, com quem faz um acordo para um pacto para ter sua vida de volta: regressar ao mundo dos vivos e trazer outra pessoa ao Tinhoso para pagar seus pecados. De volta ao plano terreno, e enquanto procura por quem vai pagar o pato em seu lugar, tem a oportunidade de descobrir a verdade sobre si mesmo e – quem sabe? – conseguir salvar sua pele, literalmente. Pacheco recebeu Moção Especial de Louvor da Câmara Municipal de Nova Friburgo pelo lançamento de O Pacto. 

Ainda em 2017, organizou a coletânea de contos e crônicas "Nova Friburgo: Contos, Crônicas, e Declarações de Amor", com diversos autores friburguenses, reunindo textos em que as histórias se passam em Nova Friburgo, como um prelúdio sobre as comemorações dos 200 anos da cidade. 

Promove palestras e mesas literárias em Nova Friburgo. 


Obras: 


















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