Municípios cearenses que alcançarem resultados efetivos no combate ao mosquito Aedes aegypti receberão incentivo de R$ 10 milhões do Governo do Estado em 2018. Anunciada ontem (12) pelo governador Camilo Santana, a medida faz parte de um novo conjunto de ações estratégicas para enfrentamento do vetor, responsável pela transmissão da dengue, da zika e da chikungunya, que, juntas, já somam 42.527 casos registrados no Ceará, de acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) do último dia 9. O pacote inclui, ainda, a criação de uma sala de monitoramento de arboviroses no Estado e de uma central de atendimento para auxiliar pessoas infectadas.
Em cerimônia realizada no Centro de Evento do Ceará, Santana destacou que a ideia do incentivo financeiro é garantir a continuidade dos esforços contra o mosquito ao longo do segundo semestre, período em que os trabalhos dentro dos municípios tendem a diminuir. Para receberem a verba, as cidades terão de cumprir, no período de junho a dezembro deste ano, critérios estabelecidos pela Sesa. Dentre eles, estão a criação de comitês municipais intersetoriais de combate ao vetor, monitoramento de indicadores de qualidade de vigilância das arboviroses e a promoção de visitas domiciliares em pelo menos 80% das residências locais.
Outras metas são a realização de dois Levantamentos de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e a apresentação de planos municipais de ação de vigilância e controle das arboviroses para o ano de 2018. "A ideia é que os recursos sejam aplicados em ações que possam melhorar a área de Saúde nos municípios. A Sesa criou os critérios e esse valor será distribuído entre todos os municípios que atingirem os objetivos. Esperamos que todos alcancem as metas estabelecidas", afirmou o governador Camilo Santana.
Monitoramento
Além do incentivo financeiro, o Governo anunciou a criação de uma sala de monitoramento de informações relacionadas a visitas domiciliares, focos do mosquito, índices de infestação e casos de arboviroses. Também foi lançado um canal de atendimento com médicos especialistas para ajudar a população no manejo clínico de pessoas infectadas. A teleconsultoria funcionará em regime de plantão na Central de Regulação da Sesa.
Outra novidade é o desenvolvimento, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), do aplicativo "Aedes em foco", por meio do qual a população poderá criar brigadas de rastreio de focos do mosquito e fazer denúncias de locais de risco para manifestação do vetor. O Estado ainda atuará no apoio técnico aos municípios e na capacitação de médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e agentes de controle de endemias. Uma das ações será a formação de uma equipe de enfermeiros que ficará responsáveis pela investigação de casos graves e formas atípicas de chikungunya no Ceará.
"É uma série de ações que Estado e prefeituras estão realizando no sentido de fazer enfrentamento ao mosquito. O importante é que isso não seja simplesmente anual, que possa ser permanente. Esse trabalho vai ser em parceria com a Academia, com especialistas, mas é fundamental o envolvimento de todos os gestores municipais", acrescentou Camilo Santana.
Segundo o titular da Sesa, Henrique Javi, apenas 15% dos municípios cearenses estão em dia com as ações e apresentam baixo índice de infestação por Aedes aegypti. Cerca de 40% estão em uma faixa intermediária e precisam de reforço para atingirem uma situação favorável. Já as demais cidades, pouco menos de 50% do Estado, ainda encontram dificuldades para combater o mosquito, seja pela necessidade da população de armazenar água em casa, fator que favorece a proliferação do vetor, seja pela interrupção das ações em virtude da troca de gestores municipais. Conforme o secretário, as regiões mais infestadas pelo vetor são as litorâneas, em virtude da alta concentração de habitantes.
Javi também ressaltou que 80% dos focos do mosquito são encontrados dentro das residências, daí a importância da mobilização da população. "A medida mais eficaz ainda é a faxina semanal. A presença do mosquito está vinculada a nossas residências. Ele precisa de três condições para se reproduzir: fonte fácil de sangue, água fresca e parada e sombra. São condições que as residências estabelecem e que ajudam na preservação do ciclo de reprodução", afirmou.
Saiba mais
Critérios para receber incentivo
1- Criar Comitê Municipal Intersetorial de Combate ao Aedes aegypti
2- Monitorar proporção de casos de dengue e chikungunya notificados e investigados
3- Garantir cobertura de no mínimo 80% de visitas domiciliares
4- Realizar, no mínimo, dois Levantamentos de Índice de Infestação por Aedes aegypti
5 -Apresentar Plano Municipal de Ação de Vigilância e Controle das Arboviroses para 2018
O que eles pensam
Mobilização de todos os setores é fundamental
"Em Fortaleza, temos pelo menos três tipos diferentes de ações em andamento. A primeira delas é capacitar profissionais de saúde. A segunda é fortalecer o combate ao mosquito da perspectiva mais técnica, das endemias. E a terceira e mais importante é a mobilização da cidade. Sem apoio popular fica impossível combater com eficiência o mosquito"
Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza
"Ainda não sabemos como a chikungunya vai se comportar a médio e longo prazo, então precisamos envolver não só os municípios, mas também instituições privadas e a população. O incentivo é importante porque hoje tudo está na carga dos municípios. É preciso dividir a responsabilidade e ver quais locais têm ações efetivas"
Nilson Diniz, prefeito de Cedro e vice-presidente da Aprece
Informações do Diário do Nordeste, link
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