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Crônica | Longe, tão longe... - Thalita Souza*

Já se passou 1 hora desde que entrei neste carro... Já passamos por várias árvores, lagoas secas e animais passando na estrada. Minhas pernas e costas doem. Como é difícil ir a uma viagem sentada nas pernas de outra pessoa! 


Avisto um campo de futebol... Nossa! Lembro-me bem desse campo, era onde eu jogava com os meus amigos daqui, ou melhor dizendo, era aqui que brincávamos de tudo! O açude... Esse açude onde aprendi a nadar, a plantar bananeira dentro da água, era aqui onde tomávamos banho toda tarde depois de um dia inteiro raspando mandioca e rindo das historias de meu tio. Ao lado do açude, a casa de farinha de meu tio, que agora se resume, apenas, em mato. Aqui antes, era o meu palco (rsrs), eu dançava, cantava e todos que estavam trabalhando me olhavam e pensavam: “ o que essa menina tá fazendo? Será que tá normal?”.

Enfim, depois de 1 h e 15 min., chegamos ao nosso destino: a casa de minha tia Adalgiza! Essa mulher é uma guerreira, com os seus 75 anos ainda faz seus afazeres de casa. Ainda é a mesma desde quando eu tinha meus cinco anos de idade, é dona de um corpo muito bonito, alta, seus cabelos estão em uma mistura de branco com preto e continua linda... Seu marido (até hoje não sei o nome dele), o Tio Quinquim, esse homem é demais e suas histórias são as melhores. Com um corpo pequeno e fraco, ainda me tira pra dançar em meio as músicas de forró que saem em seu radinho velho de pilha.

Como é bom estar em um lugar assim, onde todo mundo é primo de todo mundo. Perdi as contas de quantas vezes dei a “bênção” aos muitos tios (rsrs)... Onde não tem sinal de internet nem sinal de telefone... Onde a água que é consumida vem de carros-pipas ou vem da chuva... Onde só tem um bar e um mercadinho pequeno, onde todo mundo vive bem sobrevivendo de roças, criações e outros afins

Tomar banho na chuva não tem sensação melhor! Sentir seu corpo ser purificado com as lagrimas das nuvens (como diria minha avó) Então resolvi sair andando até o açude com minha prima, imagina só, duas meninas correndo em meio a chuva, comendo siriguelas e cajá, subindo nas árvores e gritando uma com a outra... É, estávamos nos divertindo como nunca.

Não me lembro da última vez que me diverti tanto...

Fomos até o açude, mas a imagem dele atualmente dói tanto, está apenas o lugar seco com uma poça de lama, apenas para agradar aos porcos... Fiquei lá parada olhando aquele lugar que antes era cheio de água e diversão, agora um lugar vazio, ficamos lá por um bom tempo, rindo uma da outra e eu contando pra ela as minhas loucuras vividas ali.

Voltamos para a casa de minha tia e minha avó já estava preocupada com nós duas. Depois de acalmar ela, nos reunimos na sala: eu, minha madrinha, minhas tias, minhas primas e alguns de seus filhos... Falamos de tudo, do passado, de aniversários que eu não fui em nenhum e os que estão por vir e já recebendo convites.

Até que chegou a hora de voltarmos. Já me bateu uma saudade a partir do momento que o carro chegou... Farinha, siriguelas, limões, cocos, tudo dentro do carro... Abraços, beijos, risos, momento da despedida! E lá se foi uma diferente e linda quarta-feira de janeiro... 


Thalita Souza  nasceu em Chaval (a cidade das pedras), filha de pescadores. Ama livros e chocolates, gosta de estar perto da natureza e de ajudar pessoas.





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