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Artigo | Fui a uma festa na Barra do Longá - Pádua Marques

Um dos meus maiores arrependimentos na vida foi ter um dia saído de meus calçados e ido, quando ainda rapazinho a uma festa na Barra do Longá, povoado ainda hoje pertencente ao principado de Buriti dos Lopes, do lado de cá do rio Parnaíba. Foi lá onde alguns descendentes do Simpilição foram acabar escapando depois da queda da Bastilha. Do outro lado já é Maranhão, terras de Araioses.

Por falar em rio é lá naquele lugar onde tenho alguns amigos, que aparece assim do nada, o rio que dá nome ao povoado e onde tem também muita mulher feia que nem o diabo. Mas eu vou falar mesmo é da festa que fui quando num desses meses de julho nós íamos passar férias na casa de uns parentes por parte de minha mãe no povoado São Paulo, já na fronteira entre o Maranhão e o Piauí.

Eu tinha uma prima, de nome Auxiliadora, moça de uns vinte e poucos anos, e que junto com seus irmãos acabaram me levando pra tal festa. Foi por assim dizer meu batismo de fogo, pois eu já estava saindo da infância e entrando naquilo que hoje os estudiosos chamam de adolescência. Aquela idade em que a gente acha tudo bonito e qualquer coisa que venha em nosso rumo é motivo pra acreditar que todo mundo é amigo.

Sei que chegamos à festa. A coisa estava era animada. Muito caboclo já bêbado e fazendo zoada. De vez em quando algum doido tirava da caixa um foguete e papocava fogo dando vivas e mais vivas. E eu ali naquela contemplação toda me achando esquisito no meio de toda aquela raça de gente. Aquilo lá era festa? Uns mais afoitos se largavam a correr pra beira do rio e saiam nadando naquela escuridão de meter dedo no olho. Coisa de cachaça.

E todo mundo sabe que gente que bebe quando bebe fica afoito, saliente, corajoso, gosta de aparecer. E lá de dentro de uns botecos achou de sair um sujeito muito metido a valente. Devia ter saído de alguma discussão com alguns desafetos ou até amigos de copo e veio no nosso rumo abrindo passagem com uma faca na mão. Passou a desacatar Deus e o mundo. Muita gente abriu na carreira tomando o caminho de casa ou pra dentro da igreja.





A essa altura eu já estava me mijando de medo e pedindo pra minha prima, chefe da missão e da caravana, pra nós escapulirmos daquele terreiro enquanto ainda dava tempo. Nunca eu havia presenciado uma briga de homens adultos assim em meio de rua e colocando a vida de outras pessoas em risco. E naquela confusão toda acabamos voltando pra o São Paulo naquele início de madrugada, uns contando e outros aumentando.

Fiquei sabendo que no final da semana passada por ocasião da convenção do PT pra confirmar o nome do atual prefeito Florentino Neto houve um arranca rabo entre ele e um foca, um menino ainda, repórter de primeira pena. Desses que se alguém bate o pé ele corre e treme mais que vara verde. O fato repercutiu em tudo quanto foi blog de

Parnaíba e até na fronteira com a Síria e o Iraque passando por Stambul, na Turquia. O ocorrido naquele dia só me deixa preocupado com o que pode acontecer daqui pra frente neste correr de campanha eleitoral. Eu não vou entrar nessa de advogado de defesa de nenhuma das partes. Até porque não conheço o rapaz e não sei seus propósitos além da audácia profissional. Recomendo aos dois, Florentino e o repórter, calma, pois a noite é longa.


Pádua Marques - Jornalista e Escritor

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