O sertanejo continua a crescer e tem 75 das 100 músicas mais tocadas no ano em rádios do Brasil em 2015, enquanto o rock nacional sumiu do ranking, segundo a Crowley. É a primeira vez desde 2000, quando a empresa começou a monitorar rádios no Brasil, que nenhuma faixa de rock brasileiro está entre as 100 mais tocadas no ano (veja lista abaixo).
"Escreve aí", de Luan Santana, foi a música mais tocada nas rádios do Brasil em 2015, segundo a empresa. O resultado segue a tendência dos últimos anos de cada vez menos diversidade e mais domínio de um só gênero: o sertanejo. Em 2014, o estilo tinha chegado à marca então inédita de 59 músicas entre as mais tocadas, e ampliou o domínio em 2015.
O rock brasileiro segue a tendência de queda nas rádios brasileiras. Em 2013, ele saiu pela primeira vez das 30 mais tocadas.Em 2014, a melhor posição tinha sido 81º. Em 2015, pela primeira vez, o gênero não aparece no top 100. A presença do rock internacional também é tímida. Há apenas duas bandas na lista, Magic e Marron 5.
O sertanejo ocupa o top 15. A faixa de outro estilo mais bem colocada é "Thinking out loud", de Ed Sheeran, em 16º. Dos não sertanejos, o nome que mais aparece é o de Anitta. Mas a música mais bem colocada da cantora é "Deixa ele sofrer", em 52º lugar.
Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas postou em seu facebook uma explicação para essa ausência.
"Quer entender o fenômeno?
Vamos lá.
Primeiro: Os sertanejos se organizaram. Coisa que o Rock nunca fez.
Enquanto eles se juntam, fazem shows casados, investem uns nas bandas dos outros, tocam uns as músicas dos outros, promovem festivais através de seus próprios escritórios. O Rock sempre ficou de picuinhas internas, egocentrismos, bandas que se acham melhores que as outras e não se "misturam" e NUNCA houve um movimento no mainstream que resgatasse do "underground" bandas desconhecidas para oxigenar a cena.
Resultado?
Não se oxigenou a linguagem. Abriu-se um abismo entre o que os jovens gostam de ouvir e o que as bandas gostam de cantar.
Segundo: Me parece que muitas bandas preferem bater no peito e ostentar a independência como bandeira e se sentem satisfeitas em tocar para guetos. O que se na prática for sincero - é louvável. Mas parece que alguns usam esse argumento para justificar a falta de capacidade de administrar e crescer para um patamar que exige muito mais do que apenas o desejo de subir no palco e fazer um show. O Rock muitas vezes se ofende quando se torna mais popular. Fulano de tal foi no programa de TV - se vendeu… mimimimim - quantas vezes não ouvi isso?
Pois tá ai. Quem deixa o espaço aberto permite que outros ocupem.
Terceiro - Por conta da baixa popularidade do Rock é fica difícil conseguir investimentos para disputar com os milionários do Sertanejo e de estilos popularescos. Pouca gente sabe, mas muitos empresários colocam grana nestas duplas ou cantores, para depois entupir o rabo de dinheiro e desfrutar do universo de fama e glamour de seus "afilhados". Muita gente lava dinheiro também com esse tipo de investimento - mas deixa essa parte pra lá, que quero viver mais um pouco.
Quarto - Nos últimos 13 anos, as classes C, D e E foram privilegiadas com as políticas sociais e econômicas, que permitiram ascender financeiramente para um mundo onde passaram a ser consumidores vorazes. O que eles consumiam? Esse tipo de artista mais popular. Naturalmente foi injetado nessa indústria muito mais GRANA, de forma que o óbvio seria a ascensão também de artistas e representantes que falam e cantam o cotidiano e a linguagem dessas pessoas. O que não há absolutamente NADA de errado com isso. É um análise meramente sociológica. Daí vem também os movimentos de funk ostentação e outros que promoveram músicas com tais conteúdos.
Então amigos do Rock. Nós voltamos para onde tudo começou. Para casas menores, poucos festivais, muito pouco espaços nas rádios, e sem recursos, com uma linguagem que não é entendida pela massa de jovens que acham o Rock um estilo ultrapassado, seria bom que ao invés de ficar culpando os Sertanejos por suas vitórias, que olhássemos para nossos umbigos e vimos onde fracassamos.
Top 100 de rádio é importante?
Sim, o Rádio ainda é um dos principais veículos de comunicação.
Mas o Detonautas por exemplo, não tem nenhum música tocando nas rádios e continua fazendo shows, com uma agenda boa e trabalhando bastante, graças a INTERNET.
Esse será o nosso mercado daqui adiante.
E vale lembrar - lá fora não existe nenhum ícone importante atualmente que seja celebrado como algo revolucionário ppara o Rock n' roll mainstream de forma que como somos colônia de lá, se não aparece algo relevante que atinja a massa aqui… ficamos com o que fomos capazes de semear.
O Capitalismo é assim
Força a todos."
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