Frederico Haikal |
Quando trouxe o futebol para o Brasil, talvez Charles Miller não imaginasse a proporção que este esporte ganharia aqui em terras tupiniquins. Hoje, longe dos grandes palcos e espetáculos futebolísticos, este esporte tem função essencial na vida cotidiana dos brasileiros. Em cada terreno baldio, fundo de quintal, ruas, várzea... Enfim, tem alguém jogando bola, pelada, rachão etc.
Aqui, chuteira é artigo de luxo e o fardamento é a pele suada encoberta de poeira. Ou se joga no time A de camisa ou no time B sem camisa. A bola é só um detalhe, basta que seja uma esfera que role e se terá gente correndo atrás dela. Alguns detalhes são peculiares do futebol amador: dentre os quais poderemos citar que, aqueles que possuem melhor técnica e/ou habilidade são os primeiros a serem escolhido, quando se forma os times e os que não são tão íntimos da pelota (ruins mesmo..rs) vão quase sempre para o gol; quanto ao tempo em que se transcorre a partida, quem determina em sua maioria, é o ambiente natural: quando escurece ou o sol esquenta etc. Discussões fazem parte é mais um ingrediente nesta mistura. De vez em quando acontecem alguns “empurrõezinhos” para dá mais emoção, porém, logo se esfria os ânimos e a bola volta a rolar.
Longe dos salários milionários das estrelas desse esporte, aqui não se ganha nada financeiramente, exceto quanto se aposta refrigerantes e o time A venceu, mas chamou o time B para também “molhar a garganta”. Afinal, são todos vencedores.
E como explicar tal paixão? Como descrever ou compreender o porquê que crianças, no intervalo da aula, debandam no sol quente atrás de uma bola? Como um pai de família, depois de um dia exaustivo de trabalho, encontra ânimo para duelar com outros por uma esfera que rola saltitante em fuga?
O que faz 10, 20 ou 30 pessoas correrem atrás de uma única bola? Dirão os ‘entendidos’ que, ao praticar este esporte, o corpo humano libera a endorfina, o hormônio que nos dá sensação de prazer. Talvez.
Poeira, sol, lama, noite, chuva... Nada disto diminui esta paixão exacerbada do brasileiro pelo futebol amador. Agora, em algum canto desse Brasil de dimensões continentais, tem alguém reunindo os amigos para correrem atrás de uma bola.
“Bora marcar um joguinho pra sexta?”
Por Marcello Silva
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