"Vou erradicar o Twitter. Não me importo com o que a comunidade internacional dirá. Todos vão testemunhar o poder da República turca", afirmou o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em um comício eleitoral em Bursa, na quinta-feira (20). Dito e feito. Horas mais tarde, a direção de telecomunicações da Turquia bloqueou o acesso à rede social em todo o país.
Com hashtags como #TwitterisblockedinTurkey, a medida foi intensamente comentada por usuários, inclusive turcos. Como? O governo não conseguiu bloquear o acesso à rede via celular. Além disso, dicas de como burlar o bloqueio por meio de ferramentas de anonimato rapidamente se espalharam entre os internautas.
De acordo com reportagem do jornal The Washington Post, a medida foi impopular até mesmo entre os aliados de Erdogan. "Espero que essa decisão não dure muito tempo", afirmou o presidente da Turquia, Abdullah Gui.
O governo justificou a medida, autorizada pelo Ministério Público de Instambul, dizendo que o Twitter havia se negado a deletar links ligados a decisões judiciais. Mais precisamente, ao recente escândalo de corrupção envolvendo Erdogan. No último mês, foram divulgadas por meio do Twitter gravações de conversas telefônicas entre Erdogan e seus aliados que, na opinião da oposição, evidenciam casos de corrupção e falcatruas do governo turco.
A birra de Erdogan com o Twitter começou em meados de junho do ano passado, quando milhares de jovens se mobilizaram, principalmente, pela rede social, para organizar protestos contra a demolição de 600 árvores do parque Gezi, na praça Taksim, em Istambul, para construir um centro comercial. As manifestações ganharam força e em pouco tempo mobilizaram 2,5 milhões de pessoas em todo o país. Sem o Twitter, o governo de Erdogan espera que, nas próximas eleições municipais, marcadas para o dia 30 de março, o levante popular contra seu governo seja, ao menos, atenuado.
Na quinta-feira, o último tweet de Erdogan foi registrado pela tarde. Compartilhou a seus mais de quatro milhões de seguidores um vídeo da campanha eleitoral de seu partido. O link foi retuitado 1,2 mil vezes. No Twitter, Erdogan não segue ninguém.
Informações da Época
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