A unidade ficou conhecida por ter sido inaugurada em janeiro com um show
de Ivete Sangalo, pelo qual o governador Cid Gomes (Pros) pagou R$ 650
mil. Menos de um mês após a inauguração, uma estrutura da fachada
desabou e feriu uma pessoa.
Em vistoria feita em maio, técnicos do ministério não localizaram
equipamentos orçados em R$ 819 mil, bancados com recursos federais. O
relatório da auditoria pede a devolução do valor à União.
A Secretaria da Saúde do Ceará e a administração do HRN (Hospital
Regional Norte, nome oficial da unidade) negam problemas e dizem que
todos os equipamentos estão no hospital.
Os técnicos não localizaram 13 ventiladores pulmonares, dois aparelhos
móveis de raio-X, um aparelho de anestesia e um foco cirúrgico
(equipamento auxiliar para cirurgias). O relatório afirma que "os
equipamentos adquiridos e identificados, em sua maioria, encontram-se
sem uso" e aponta casos de aparelhos já quebrados.
A auditoria foi solicitada pelo Ministério Público Federal, que estuda
entrar com ação de improbidade administrativa contra a gestão. "É grave a
inauguração de um hospital sem condições de funcionamento", disse o
procurador Oscar Costa Filho.
"Oficialmente esses equipamentos foram adquiridos e pagos, mas não foram
localizados. De R$ 25 milhões em recursos federais aplicados no
hospital [para compra de equipamentos], quase R$ 1 milhão sumiu",
afirmou.
No caso dos 13 ventiladores pulmonares, os auditores inicialmente não encontraram comprovação do recebimento dos equipamentos.
Eles então questionaram o hospital a respeito, que informou que os
aparelhos estavam encaixotados -apresentou 12 caixas com a parte central
dos ventiladores e apenas dez com suportes. "O total de caixas
apresentadas não corresponde à quantidade não localizada", diz o
relatório.
Em outro momento, os técnicos relatam que não encontraram um foco
cirúrgico e um aparelho de anestesia. O governo respondeu dizendo os
setores do hospital em que os aparelhos estavam, mas os auditores
avaliaram que a justificativa não comprovava a localização do material.
No caso dos aparelhos de raio-X, houve divergência nos registros. A
auditoria não localizou dois aparelhos com o número de série que
constava na nota fiscal.
O governo diz que os termos de recebimento desses equipamentos não registraram os dados iguais aos das notas fiscais de compra.
O governo diz que os termos de recebimento desses equipamentos não registraram os dados iguais aos das notas fiscais de compra.
Fonte: Folha de São Paulo