No final do século XIX e inicio do século XX apareceu o
cinema, primeiro mudo e depois falado, inaugurando um outro universo de comunicação, na qual a imagem se
tornou fundamental. A televisão, nascida em meados do século XX, como próprio
nome indica (tele – visão = “ver de longe”) criou um elemento completamente
novo, em que o ‘ver’ tem preponderância sobre o ‘ouvir’. A voz dos
apresentadores é secundária, pois é subordinada às imagens que comentam e
analisam. As imagens contam mais do que as palavras. Nisso o indivíduo volta à
sua condição animal.
A televisão nos dá a possibilidade de ‘ver tudo’ sem sair do
universo local. Assim, para Sartori1
, além de um meio de comunicação, a televisão é um elemento que participa
da formação das pessoas e pode gerar um novo tipo de ser humano. Esta afirmação
está baseada na observação de que as crianças, em várias partes do mundo,
passam muitas horas diárias vendo televisão antes de saber ler e escrever. Isso
dá margem a um novo tipo de formação, centralizado na capacidade de ver.
Se o que nos torna diferentes dos outros animais é nossa
capacidade de abstração, a televisão, para Sartori, “inverte o progredir do
sensível para o inteligível, virando-o em um piscar de olhos [ ...] para um
retorno ao puro ver. Na realidade, a televisão produz imagens e apaga os
conceitos; mas desse modo atrofia a nossa capacidade de compreender”. Então o ‘homo sapiens’ está sendo substituído
pelo ‘Homo videns’, ou seja, o que
importa é a imagem, é o ver sem entender.
1Giovanni Sartori – Cientista social
italiano
TOMAZI,
Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010