A população de peixes-bois marinhos está aumentando no estuário dos rios Timonha e Ubatuba entre os estados do Piauí e Ceará. A preservação da espécie em extinção foi observada por biólogos em pesquisa no trecho que vai de Cajueiro da Praia (PI) e Chaval (CE).
Na pesquisa, os biólogos realizaram monitoramento e colheram dados sobre a presença, sazonalidade e identificação das áreas mais importantes para a conservação da espécie, além de sua biologia e ecologia.
A estimativa populacional do peixe-boi é de menos de 500 no Brasil, sendo extinto nos estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe. O estuário dos rios Timonha e Ubatuba abriga uma população de peixes-boi marinhos ainda pouco estudada.
O uso do sonar de varredura lateral de alta definição, que possui GPS acoplado, permite determinar as áreas de ocorrência de peixes-boi marinhos e possivelmente o número de animais que habita o estuário, respondendo às questões sobre estimativa de abundância, densidade e área de vida.
"Estamos promovendo estudos sobre comportamento, determinação de área e uso de habitat do peixe-boi marinho com ênfase em alimentação e reprodução nas principais áreas de ocorrência. Isso vai permitir definir as áreas prioritárias para conservação do peixe-boi marinho, além de avaliar e divulgar os impactos das atividades de carcinicultura e salinas sobre o animal", explica a pesquisadora Katherine Fiedler Choi.
Durante o monitoramento, mais de 20 espécies em pontos distintos foram avistados, inclusive fêmeas acompanhadas por seus filhotes. "Essa quantidade nunca foi avistada por aqui. O peixe-boi é um animal de hábito solitário e a formação de grupos acontece em período reprodutivo da espécie", comemora o executor do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA)/Ibama, Heleno Francisco dos Santos.
Os resultados obtidos no trabalho também subsidiarão a elaboração do plano de manejo do Refúgio de Vida Silvestre do Peixe-boi Marinho que se encontra em processo de criação na região e do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, além de auxiliarem na identificação de áreas de Proteção Integral dentro da APA.
A utilização do sonar de varredura lateral é inédita para o Brasil, com relação ao peixe-boi marinho, e junto com os estudos de bioacústica, proverão novas metodologias para a conservação da espécie, podendo ser utilizados em outras áreas de sua ocorrência. Um levantamento feito no início da década 90 estimou que a população de peixe-boi marinho localizada na costa do Piauí era de um grupo de apenas nove a 14 animais.
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