O grande paradoxo entre o desistir e o prosseguir.
Cristo temeu! Reza o livro de Mateus que, por duas vezes, na noite em que foi entregue para a prisão, antes de começar toda a via dolorosa, que é o cume de toda a crença e fundamento do cristianismo, Cristo pensa em desistir.
Nos versos de número 39 e 42 do capítulo 26, encontramos sua reflexão: “Se este cálice não pode passar de mim sem que eu o beba”. Aqui, encontramos o momento da hora da verdade de toda a sua trajetória. É a hora da confirmação de sua mensagem e a hora de assinar com a própria vida, com a tinta escarlate do própria sangue, a veracidade da sua missão, o preço que toda missão exige daquele que assume tê-la.
Sua angústia não era para menos. Todo líder que traz consigo uma mudança de pensamento e uma nova realidade para o mundo sabe do preço e das consequências que são cobradas por oferecer os conceitos que levam à liberdade.
E se Cristo tivesse desistido? Em 1988, Martin Scorsese, diretor que ganhou o Oscar, contou uma história similar. Em a Última Tentação de Cristo, por mais lúcida e paradoxal que sua ideia apresente, ele tenta descrever fatos da possível desistência de Jesus.
Mas quem seria Jesus Cristo se na verdade ele tivesse desistido? Será que o mundo o reconheceria como um pensador? Será que o mundo levaria em consideração a mensagem de um homem que desistiu diante do grande preço exigido pelas suas ideias e palavras? Será que seu nome teria resistido aos ventos e contratempos da história e, pelo menos, seria lembrado como o lider de uma geração? Ou será que os livros de história, crônistas e pesquisadores, não o citariam como uma agitador de Jerusalém, um louco embriagado por uma motivação que busca justiça e não passou de um louco que conduziu uma multidão para o abismo sem propósito? Quem seria Jesus Cristo se ele tivesse desistido?
Cristo foi morto! Sua história conta que para cada palavra, cada milagre, cada pessoa impactada houve um forte açoite correspondente por oferecer liberdade intelectual para quem o ouvia. Cristo foi crucificado por sua mensagem, morto pela sua missão e entregue à pena de morte por oferecer liberdade para aqueles que o ouviam.
Cristo não desistiu! A morte justificou e deixou claro para todos os que o seguiam e para muitos que só ouviram falar que realmente ele não era um homem comum. Ele tinha um outro porquê. Ele tinha um outro propósito e com a própria vida assinou a verdade de sua mensagem, a liberdade das sua ideias e o caminho para uma nova realidade para todos que ouvem e entendem a sua pregação.
É incrível o que acontece quando um lider morre. Ainda no Livro de Mateus, no capítulo 27, versos de 52 e 53, o texto do evangelista narra: “abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressurgiram. E, saindo dos sepulcros, depois da rssurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos”. Um lider quando morre muda a natureza. Um lider quando é interrompido até mesmo pela própria vida muda a relidade de muitos. Com a morte de Cristo, houve uma interrupção, onde pessoas que já passaram voltaram. Era verdade; aquele homem era Deus na terra.
O fato é que toda missão exige um preço a ser cumprido. Jesus Cristo não desistiu e com a sua ressurreição recebeu a cora de Deus. O preço foi pago. E, para as gerações futuras, a mensagem de um lider é a mensagem da liberdade contra as ideias que prendem os homens dentro das prisões sem muros dos pensamentos equivocados.
Pagar ou não pagar o preço pode ser uma opção. O sofrimento por mais doloroso que seja é passageiro. As dificuldades, na verdade, são as provas de tudo aquilo que se acredita e a comprovação de tudo aquilo que se prega, se de fato a nossa verdade tem fundamento ou não passa de uma aventura sem propósito ou de apenas um caminho valoroso de uma vaidade por ambição.
Com isso, o que fica é a ideia sobre quem é lider e quem não se permite a essa via, porque a missão há de cobrar por todas as palavras e ideias construídas. A missão vai exigir a veracidade dos fatos, a comprovação da verdade e a disposição para o pagamento do preço. E será que estamos prontos para o pagamento da vida? Ou iremos desistir e perdermos o nosso lugar no futuro?
Por Fábio Mesquita Torres, Grão Novo.