Às tardes de devaneios... |
a tomar com Sócrates um chá
não sei se de hortelã ou cicuta.
É apaziguador está entre amigos
ver Newton adentrando suas teorias inacabadas;
ler de Drummond o poema que ele nunca escreveu;
discutir com Aristóteles quanto ás suas opiniões errôneas, ainda que ao findar da conversa, ele vença;
aplaudir as teorias platônicas do barbudo que descansa ali em frente;
È apaziguador está entre amigos,
presenciar, numa cadeira de balanço, Patativa declamar sua poesia popular
em contraste com Bilac sorridente a sua frente;
testemunhar na rede ao lado, Che Guevara descansando com sua boina ao peito, ainda
que Alexandre "O grande" saia pelo quintal gritando: "avançar" e ver Napoleão o acompanhar em seu cavalo de pau.
É apaziguador está entre amigos
notar que alheio ao barulho
Shakespeare tenta me dizer que não escreveu que a filosofia era vã, mas que foi erro de tradução;
deduzir que emana uma infinita paz de Gandhi em sua oração a chivas;
sentir olhares femininos pousando em mim
e por entre coqueiros verificar Joana D'arc surgir com uma lança afiada
ao passo que Cleópatra brinca com suas serpentes debaixo da minha rede;
sentir o afago de Dalila acariciando-me os cabelos... é apaziguador.
(...)
É apaziguador verificar que Da Vinci faz-me uma pintura
e se pergunto a ele quanto ao mistério de Monalisa, o porquê de tanta eloquencia,
bem sei que nada me responderá...
É apaziguador está entre amigos
mesmo que, de repente, adentrem a noite sem explicação alguma,
sumam misteriosamente sob a face da existência.
090909
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