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Chamam-me de moreno... Pardo... Mulato. Não, eu sou é negro. Preto sim senhor! Faço parte dos 97 milhões de brasileiro (aproximadamente) que se autodeclaram negros (ou afrodescendentes para os políticos-corretos)
Carrego no corpo as cicatrizes dos meus ascendentes e na alma a bravura do meu povo. Sobrevivi a 386 anos de escravidão, fiquei enjaulado ao som dos chicotes, reprimindo minha dança e calando meu canto...
Nas mãos dos meus bisavós e tataravós plantei cafezais, cortei canaviais, extrai ouros, construir pontes e estradas... Carreguei nos ombros o desenvolvimento de uma nação.
Negro sim senhor! Desdobro as esquinas com a leveza na alma e nos pés a ginga: não sei se é de Mestre Besouro dançando capoeira ou se é de Mané Garrincha bailando com a bola. Tenho a coragem de Zumbi dos Palmares que adentrou as matas a procura duma liberdade alada.
Negro sim senhor!
Todo dia reescrevendo a história da minha gente, alheio as opiniões formadas sem reflexão, preconceituosas. Mostro a festividade da raça que é tão alegre quanto uma anedota do Grande Otelo ou enigmática quanto um poema de Machado de Assis...
NEGRO, SIM SENHOR!
SILVA, Marcello. O Pescador. 2015