Bom caçador fora
outrora um cão; sempre farejava e descobria a presa, e quanta farejava, pronto
fisgava. Seu dono enchia-o, de afagos e carinhos. Mas para os cães, como para a
gente, passam os anos, chega a velhice; o pobre cão perdeu o faro, perdeu os
dentes, e já não descobria a presa; e se a descobria, a não apanhava. Uma vez,
um coelho, que ele conseguira apanhar, safou-se-lhe da desdentada boca. O dono
chega, e irado o açoita.
Senhor,
disse-lhe chorando o cão, pois não mereço, em atenção aos serviços passados,
não mereço alguma compaixão?
MORALIDADE: A
lição deste cão vos diz como sereis tratados por aqueles a quem já não puderdes
mais servir.
Fonte: ROCHA, Justiniano
José da. Fábulas (imitadas de Esopo e La
Fontaine)