Julgava-me não ter tempo para por em prática o nosso luau. Passar um dia em tua casa ás sombras das jaqueiras, das quais falava com tanto carinho... O quarteto (Eudes, Nóbrega, Auricélio e eu.) que não tinha tempo ou inventava qualquer coisa para justificar, que brincavam de eternidade na flor da juventude... O mundo parecia eterno a todos.
Eudes, me acovardei ao frio dos sábados, me deixei seduzir pela sonolência dos domingos... Adiei por inúmeras vezes nossas pescarias... Inventei desculpas para não ir curtir o carnaval. Reconheço, tardiamente, que negligenciei amizades. (aprendemos da pior forma que amizades devem ser cultivadas)
Eudes eterno... Como não se lembrar de tuas verdades, opiniões fortes? como não se lembrar de tua determinação, força de superação ? como não se lembrar de tua devoção, o carinho pelo teu povo? Como não se lembrar do teu amor, incondicional, por tua mãe a qual chamava cariosamente de "minha santa"? Como não se lembrar...
Tinha tanta sede de vida que, por ironia do destino, acabou sendo engolido pelas águas. Vomitado pelas marés...
Eu que julgava-me não ter tempo, agora encontrei tempo para escrever-te essas frases... Tardiamente.
"Matamos o tempo, o tempo nos enterra..."
(Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis)
(Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis)
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